A Bienal de Cerveira resiste há 31 anos e vai já na sua XV edição. Nasceu do sonho do falecido Pintor Jaime Isidoro de descentralizar a cultura. O aguarelista do Porto dirigiu a Bienal entre 1978 e 1984, seguido de José Rodrigues e ARCA até 1988. Seguiu-se Henrique Silva (entre 1995 e 2007). Os dois ter-se-iam conhecido em Paris, em casa de Vieira da Silva. Actualmente a Bienal de Cerveira é dirigida pelo Pintor Augusto Canedo. Habituada a inovar, a Bienal afirma-se cada vez mais a nível internacional e, na edição de 2009 estão representados 32 países e 269 artistas, com exposições espalhadas por 7 concelhos do Alto Minho e Galiza (Tui, Caminha, Valença, Paredes de Coura, Monção, Melgaço e Vila Nova de Cerveira) e por 13 espaços diferentes.
"A Cultura do Poder ou o Poder da Cultura"
A cultura transforma as mentalidades, mas o poder tem medo das transformações sociais que não sejam ditadas por eles.
Há várias formas de poder, desde o poder político que estabelece as regras da economia, o poder dos usos e costumes que tem resistência á mudança e o poder de mercado que está sujeito a esses poderes.
Há ainda o poder da informação (ou desinformação) que condiciona todos os poderes à política do mais forte.
Todos estes poderes funcionam como um garrote à criatividade.
O criador que se exprime através de uma linguagem verbal, ou escrita, ou sonora ou visual, precisa de um veículo para comunicar e romper os usos e costumes para melhorar as mentalidades, cujo veículo está nas mãos dos poderes políticos e dos órgãos de informação.
Quem detém o poder económico manipula o poder político e os órgãos de informação, e, por consequência, as mentalidades. Pescadinha de rabo na boca onde o criador só tem a porta da "marginalidade" (entenda-se como à margem de...) para se exprimir, ou se vender ao mais ofertante.
A Bienal de Cerveira pretendeu desde sempre ser essa porta, contra os que pretendem "institucionaliza-la" ao serviço de "quem dá mais".
Interrogar-se sobre o papel dos criadores no conceito desta Bienal, que faz 30 anos este ano, poderá ser tema da XV Bienal de Cerveira e tema de debate entre os vários poderes e os que se tem dedicado a desenvolver um novo conceito de valores entre os valores materiais e o conhecimento.
Henrique Silva
Abril 2008
É desta forma que Henrique Silva introduz o tema da XV Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira. "A Cultura do Poder ou o Poder da Cultura" será, também, tema em discussão no debate do próximo dia 14 de Agosto, a realizar pelas 18h30 no Fórum Cultural de Cerveira.
Henrique Silva, formado nas décadas de 60 e 70 em Paris, privou com Arpad Szenes e Vieira da Silva. Do seu vasto currículo, não podemos deixar de referir a vastíssima actividade enquanto docente. Como artista, a pintura é só o mote, expressando a sua criatividade, também, na instalação ou na arte digital, área em que, aliás, foi precursor no nosso país. O debate do próximo dia 14 de Agosto contará com a sua moderação.
Debate
"A Cultura do Poder ou o Poder da Cultura"
Sexta-feira, 14 de Agosto de 2009
18h30 - Fórum Cultural de Cerveira
Moderação: Henrique Silva
Painel de Convidados:
A Cultura do Poder vs O Poder da Cultura
José Manuel Vaz Carpinteira
Engenheiro, Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira..
Assunção Lemos
Professora do Ensino Superior, Doutora em História de Arte Contemporânea.
Ilda Figueiredo - Deputada no Parlamento Europeu, Vereadora da Câmara Municipal de Vila Novade Gaia.
Manuel Correia Fernandes - Arquitecto, Professor Catedrático da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.
Manuel Serrão - Empresário, organizador de salões, desfiles e exposições nas áreas da moda e sector têxtil.
Carlos Martins - Sócio-gerente da Opium, empresa de gestão de conteúdos culturais e turísticos.
Manuel Queirós - Jornalista, Director do Semanário Grande Porto)
Jorge Campos - Programador Cultural, Organizador do Porto 2001.
Participação Especial:
Manuel Alegre - Poeta e Político.
