28.9.10

[ACABAR COM A POBREZA]

25.6.10

[JOSÉ SARAMAGO, CARTA PARA JOSEFA, MINHA AVÓ]


CARTA PARA JOSEFA, MINHA AVÓ
Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo – e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira – sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha.
Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste a lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas?) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém.
Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, umas coisas que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrijada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos – e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti – e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.
Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas – e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!”.
É isto que eu não entendo – mas a culpa não é tua.

24.12.09

[FELIZ NATAL!]

20.12.09

[ONU]


No âmbito da celebração da primeira Década das Nações Unidas para a Erradicação da Pobreza (1997-2006), a 22 de Dezembro de 2005 a Assembleia Geral das Nações Unidas, decidiu proclamar 20 de Dezembro de cada ano Dia Internacional da Solidariedade Humana (resolução 60/209).


13.12.09

[...NATAL...]

9.12.09

["EU TENHO UM SONHO"]


AOS MEUS ALUNOS...
Defesa dos Direitos Humanos... Todos os Dias...



http://www.dhnet.org.br




A 10 de Dezembro comemora-se o Dia Mundial dos Direitos Humanos.
A 10 de Dezembro de 1948, foi aprovada e proclamada, na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) a Declaração Universal dos Direitos Humanos.



"I HAVE A DREAM..." Martin Luther King





Carta Internacional dos Direitos Humanos - Declaração Universal dos Direitos do Homem*

Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do homem;
Considerando que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declararam resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais;
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso:
A Assembleia Geral
Proclama a presente Declaração Universal dos Direitos do Homem como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

Artigo 1.º
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2.º
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.
Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3.º
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4.º
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.

Artigo 5.º
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Artigo 6.º
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua personalidade jurídica.

Artigo 7.º
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8.º
Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.

Artigo 9.º
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10.º
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.

Artigo 11.º
1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
2. Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido.

Artigo 12.º
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.

Artigo 13.º
1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.

Artigo 14.º
1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 15.º
1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16.º
1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado.

Artigo 17.º
1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.

Artigo 18.º
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Artigo 19.º
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.

Artigo 20.º
1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21.º
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicos do seu país.
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

Artigo 22.º
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.

Artigo 23.º
1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para a defesa dos seus interesses.

Artigo 24.º
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e a férias periódicas pagas.

Artigo 25.º
1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimónio, gozam da mesma protecção social.


Artigo 26.º 1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos.

Artigo 27.º
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
2. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.

Artigo 28.º
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciados na presente Declaração.

Artigo 29.º
1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.
2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 30.º
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

* Fonte: Centro dos Direitos do Homem das Nações Unidas, publicação GE.94-15440.






8.12.09

[JOHN LENNON - 09.10.1940 - 08.12.1980]

John Winston Ono Lennon, (baptizado John Winston Lennon - Liverpool, 9 de Outubro de 1940 — Nova Iorque, 8 de Dezembro de 1980)...


10.11.09

[ÁLVARO CUNHAL . 10 DE NOVEMBRO 1913 - 13 DE JUNHO DE 2005]

“De facto, na PIDE foram-me feitas variados perguntas relacionadas (umas directamente, outras indirectamente) com a minha actividade política. A todas elas me recusei a responder, com o fundamento — que mantenho — de que um membro do Partido Comunista Português, força política de vanguarda na luta pela Democracia a Independência Nacional e uma Paz Duradoura, não tem quaisquer declarações a fazer à polícia política, instrumento da repressão violenta exercida contra os trabalhadores e contra os portugueses democratas, patriotas e partidários da paz. Vamos ser julgados e certamente condenados. Para nossa alegria basta saber que o nosso povo pensa que se alguém deve ser julgado e condenado por agir contra os interesses do povo e do país, por querer arrastar Portugal a uma guerra criminosa, por utilizar meios inconstitucionais e ilegais, por empregar o terrorismo, esse alguém não somos nós, comunistas. O nosso povo pensa que se alguém deve ser julgado por tais crimes, então que se sentem os fascistas no banco dos réus, então que se sentem no banco dos réus os actuais governantes do Nação e o seu chefe Salazar.”
ÁLVARO CUNHAL

Na freguesia onde nasci, nasceu Álvaro Barreirinhas CunhaL, filho de Avelino Cunhal e Mercedes Cunhal, freguesia da Sé Nova em Coimbra, no dia 10 de Novembro de 1913.
Conhecido pelas célebres... "Se houve decisão correcta na minha vida, foi ter entrado, aos 17 anos, no Partido Comunista", "Hei-de morrer comunista!" entre tantas outras.

Breve biografia
"1913: Nasce a 10 de Novembro, em Coimbra, filho de Avelino Cunhal e Mercedes Ferreira Barreirinhas. – 1931: Com 17 anos, Álvaro Cunhal adere ao PCP, através da Federação das Juventudes Comunistas. – 1932: Participa na direcção da Associação Académica de Lisboa. – 1934: É eleito para o Senado Universitário. – 1935: Eleito para o Secretariado da Federação das Juventudes Comunistas. – 1937: Cunhal é preso pela primeira vez, a 20 de Julho. – 1939: É colocado a cumprir serviço militar na Companhia Disciplinar de Penamacor. – 1940: É de novo preso. – 1942: Cunhal adopta o pseudónimo de "Duarte". – 1949: Prisão de Álvaro Cunhal numa casa clandestina no Luso. – 1950: Cunhal julgado e condenado faz do processo uma afirmação política do comunismo. – 1953: É transferido da Penitenciária de Lisboa para Peniche após ter estado doente. – 1960: Cunhal foge de Peniche a 3 de Janeiro. Em Dezembro, nasce a sua filha Ana. – 1961: Entre Fevereiro e Maio, Cunhal vive no Porto, junto ao Mercado do Bom Sucesso, com a mulher Isaura e a filha Ana. Eleito pelo Comité Central secretário-geral do PCP, passa a viver no estrangeiro. – 1974: Revolução do 25 de Abril. Legalização do PCP. No dia 30 de Abril, Álvaro Cunhal regressa a Lisboa. É ministro sem pasta nos Governos Provisórios até 1975. – 1975: Nas eleições para a Assembleia Constituinte, a 25 de Abril, Cunhal encabeça a lista do círculo de Lisboa. – 1982: Torna-se membro do Conselho de Estado. – 1985: Em Agosto, Cunhal publica O Partido com Paredes de Vidro. – 1989: Álvaro Cunhal vai à URSS para ser operado a um aneurisma da aorta. Cunhal é recebido em Moscovo por Mikhail Gorbatchov e recebe a ordem Lenine. – 1992: No XIV Congresso do PCP, Carlos Carvalhas é eleito secretário-geral, Álvaro Cunhal passa a presidente do Conselho Nacional do PCP. – 1994: No Hotel Altis lança o romance Estrela de Seis Pontas e assume que é Manuel Tiago, pseudónimo literário com que assinou na clandestinidade o romance Até Amanhã, Camaradas e o conto Cinco Dias, Cinco Noites. – 1996: XV Congresso do PCP. O Conselho Nacional é extinto. Cunhal passa a ter assento apenas no Comité Central. – 1997: Cunhal lança um novo romance, A Casa de Eulália baseada na sua experiência na Guerra Civil de Espanha. – 2000: Em Setembro, Cunhal é operado ao glaucoma, a operação corre mal e perde a visão do olho direito. A 8,9 e 10 de Dezembro, o XVI Congresso realiza-se em Lisboa e, pela primeira vez desde o 25 de Abril, Cunhal está ausente de uma reunião magna por motivos de saúde. – 2001: Cunhal reaparece em público para votar nas eleições presidenciais de 14 de Janeiro. Depois de votar, declara aos jornalistas: "Estou nitidamente melhor." – 2004: Nas eleições europeias, a 13 de Junho, Álvaro Cunhal, pela primeira vez em 30 anos de democracia, não vota. No XVII Congresso do PCP Jerónimo de Sousa é eleito secretário-geral. – 2005: O Comité Central noticia a morte de Álvaro Cunhal, às 5h e 54, do dia 13 de Junho."





9.11.09

[ ____________________ ]

12.10.09

[UNDER THE BLACKBIRD`S EYE . FOTOGRAFIAS DE XAVIER MARTINS . COIMBRA]


Exposição de Retratos do Kosovo por Xavier Martins.
Depois do sucesso de Lisboa segue-se Coimbra.
PRISÃO ACADÉMICA (junto à Biblioteca Joanina)
De 2ª a Sexta das 09:00 às 19:00
Parte da 1ª fase do Projecto Under the Blackbird´s Eye que recupera retratos tirados em 1999/2000 no Kosovo.
Trabalho de fotografia Humanista e projecto de angariação de fundos para ajudar as crianças do enclaves Kosovares.
O autor regressará aos mesmos locais para registar as mesmas pessoas passados 10 anos.
LINKS ÚTEIS:
http://blackbirdseyeeng.blogspot.com/ English version
http://blackbirdseyept.blogspot.com/ Versão portuguesa
http://www.facebook.com/home.php?ref=home#/pages/Under-the-Blackbirds-Eye/148706745247?ref=ts
http://www.twitter.com/xaviermartins

9.10.09

[NOBEL DA PAZ . BARACK OBAMA HONRADO PELO PRÉMIO]


"Obama igualmente surpreendido com Nobel da Paz.
O Presidente dos Estados Unidos declarou sentir-se «supreendido e profundamente honrado» pela atribuição do Prémio Nobel da Paz, e afirmou que não é a sua obra que é distinguida, mas antes os objectivos ainda por cumprir da sua governação."
in
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=150257


Considerado um conciliador carismático, Obama, de 47 anos, anunciou oficialmente a 10 de Fevereiro de 2007 a sua candidatura à nomeação democrata para as eleições presidenciais norte-americanas e conseguiu ultrapassar uma concorrente como Hillary Clinton, algo difícil de imaginar antes do início da campanha.

Tendo sido eleito como senador pelo Estado de Illinois em Novembro de 2004, Obama reconheceu na apresentação da candidatura não ter passado «muito tempo a conhecer os meandros políticos de Washington».

«Mas passei o tempo suficiente para saber que a forma de fazer política em Washington deve mudar», declarou na altura.
Os seus adversários pensam de forma diferente e a inexperiência governativa aparece com destaque na lista de críticas que lhe são feitas.
Devido à sua história pessoal, Obama é visto por muitos como unificador.
Nasceu em Honolulu (Havai) a 04 de Agosto de 1961, quando o seu pai, um economista queniano, e a mãe, antropóloga norte-americana do Kansas, estudavam na universidade do Havai.
Os pais separaram-se quando Obama tinha dois anos e, com o casamento seguinte da mãe, foi viver para Jacarta (Indonésia) durante quatro anos, voltando ao Havai aos 10.
Formou-se em Relações Internacionais na Universidade de Columbia em 1983 e em Direito em 1991 em Harvard, onde foi o primeiro afro-americano presidente da prestigiada Harvard Law Review.
Antes de chegar ao Senado dos Estados Unidos, Obama esteve sete anos no Senado do Illinois, depois de ter trabalhado como organizador da comunidade e advogado de direitos civis.
É num escritório de advogados que encontra a sua futura mulher, Michelle, mãe das duas filhas, Malia e Sasha.

Em 1992, organizou uma das maiores inscrições de votantes na história de Chicago para ajudar Bill Clinton nas eleições desse ano, mas foi na convenção do partido democrata no Verão de 2004 que roubou o protagonismo ao candidato à presidência, John Kerry, com um discurso simples.
«Não há uma América negra, uma América branca e uma América hispânica: há os Estados Unidos da América», disse Obama.
Se for eleito, Obama quer ser o presidente daquela reconciliação e reivindica a herança de Martin Luther King, o apóstolo dos direitos cívicos, e do presidente John Kennedy (1961/1963), a quem é comparado em termos de juventude e sedução.
Além de inexperiente e ingénuo, já foi acusado de elitista, de esquerdismo por estar desde o início contra a guerra no Iraque, defender o direito ao aborto ou opor-se à nomeação de conservadores para o Supremo Tribunal.
Mais recentemente foi acusado pelos rivais republicanos de ser amigo de terroristas por conhecer Bill Ayers, militante de esquerda e fundador de um movimento violento nos anos 1960.
Obama conheceu Ayers em 1995 e cruzaram-se até 2002 em reuniões de duas fundações a que ambos estiveram ligados. O agora professor universitário, de 63 anos, vive no mesmo bairro do candidato presidencial em Chicago.
A 29 de Agosto, na convenção onde foi nomeado candidato democrata por aclamação, Obama prometeu acabar em 10 anos com a dependência dos Estados Unidos face ao petróleo do Médio Oriente e baixar impostos a 95 por cento das «famílias trabalhadoras».

«É esta a mudança de que precisamos», declarou no encerramento da convenção em Denver.

Muitos norte-americanos, segundo as sondagens, parecem acreditar em Obama ou precisam de acreditar, sobretudo depois dos efeitos violentos da crise financeira, cuja responsabilidade é atribuída em parte à administração republicana.
Naquele mesmo discurso, o candidato democrata prometeu também acabar com a «guerra irresponsável no Iraque (…) terminar a luta contra a Al-Qaida (…) apostar numa diplomacia directa capaz de impedir que o Irão tenha poder nuclear».
Terça-feira poder-se-á confirmar se os elementos essenciais da mensagem de Barack Obama «esperança, mudança e futuro» encontraram eco no eleitorado dos Estados Unidos.

Lusa/SOL

e continuando...

"Presidente dos Estados Unidos premiado, Nobel da Paz para Barack Obama
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu hoje o Prémio Nobel da Paz "pelos esforços diplomáticos internacionais e cooperação entre povos". Obama "acolheu com humildade a selecção do comité", disse o assessor de imprensa da Casa Branca, Robert Gibbs.
"O comité deu muita importância à visão e aos esforços de Obama com vista a um mundo sem armas nucleares", declarou o presidente do comité, Thorbjoern Jagland. "Só muito raramente uma pessoa conseguiu como Obama capturar a atenção do mundo e dar às pessoas esperança para um futuro melhor", afirmou ainda o comité, avaliando que “a diplomacia [de Obama] é fundada no conceito de que aqueles que lideram o mundo têm de o fazer tendo por base valores e atitudes que são partilhados pela maioria da população mundial”.

Quando o jornalista da agência Reuters comentou com David Axelrod, um dos principais conselheiros de Obama, que muitas pessoas no mundo estavam estupefactas com o anúncio, este respondeu "Como nós".

Obama fez do desarmamento nuclear topo das prioridades da sua política externa – nomeadamente relançando negociações com a Rússia e fazendo mexer o tabuleiro internacional no sentido de pressionar as duas consensuais “potenciais ameaças” nucleares (Irão e Coreia do Norte) – além de vir a envidar esforços de monta para reactivar o processo de paz no Médio Oriente. No mês passado liderou a histórica reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas em que foi aprovada de forma unânime uma resolução instando os países dotados de armamento nuclear a reduzirem esse poder bélico.

Mas, apesar dos ambiciosos objectivos internacionais, o Presidente norte-americano ainda não conseguiu romper o impasse nas negociações entre israelitas e palestinianos, tão pouco obteve quaisquer resultados no que toca ao polémico programa nuclear iraniano. A par disto tem pela frente muito difíceis escolhas a fazer nos terrenos de guerra em que os Estados Unidos estão envolvidos, à cabeça sobre a forma como conduzir a guerra no Afeganistão.

Dotado de um poder oratório e magnetismo pessoal incomuns, Barack Obama, 48 anos, tem vindo a ganhar ao longo dos quase nove meses em funções como Presidente uma vaga de simpatia e apoio por todo o mundo – apesar de os críticos apontarem dúvidas se existe verdadeira substância nas suas inspiradoras declarações de boas intenções.

Advogado de formação (estudou em Harvard e trabalhou muitos anos na defesa dos direitos cívicos), Obama fez história ao tornar-se no primeiro chefe de Estado negro dos Estados Unidos ao derrotar, a 4 de Novembro de 2008, o candidato republicano John McCain; mas já vinha electrizando o país desde quatro anos antes, quando discursou na convenção dos democratas sobre a confiança em si próprio e o sentimento de inspiração que o norteia. Tornou-se desde logo uma das mais visíveis figuras políticas em Washington, amplamente elogiado pelos media, e publicou dois livros que foram êxitos brutais de vendas, incluindo “The Audacity of Hope”.

Senador desde 2004, eleito pelo Illinois (onde antes cumprira dois mandatos, a partir de 1996, como senador estadual), é filho de um queniano, um pastor de cabras que ganhou uma bolsa de estudo numa universidade do Hawai, e de uma branca norte-americana do Kansas. Nasceu no Hawai mas viveu também em Jacarta, entre os seis e os dez anos de idade, após a mãe se casar com um indonésio e, depois disso, regressou à terra natal onde cresceu junto com os avós maternos. A narrativa pessoal da história de vida de Obama é muito feita desta experiência de crescimento em ambientes culturais diversos e dos exemplos familiares que reflectem os ideais norte-americanos.

Houve um recorde de 205 nomeações este ano. Entre os nomeados estava o primeiro-ministro do Zimbabwe, Morgan Tsvangirai, e um dissidente chinês. O prémio será entregue em Oslo a 10 de Dezembro, data da morte do seu fundador, o industrial e filantropo sueco Alfred Nobel."
in PÚBLICO, 09.10.2009

ORA... NEM DE PROPÓSITO... a aula de ontem...

8.10.09

[BARACK OBAMA – DISCURSO AOS ALUNOS AMERICANOS NA ABERTURA DO ANO LECTIVO]


"Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de Verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.
Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã.
A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas quando eu me queixava a minha mãe respondia-me: "Olha que isto para mim também não é pêra doce, meu malandro..."
Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.
Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem.
No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos.
E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.
Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.
Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo.
No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.
E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora vai decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro.
Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas ciências e na matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na história e nas ciências sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.
Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelectos para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.
Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão que não me adaptava, e por isso nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto.
Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.
Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.
Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.
A vossa vida actual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês. Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro.
E é isso que os jovens como vocês fazem todos os dias em todo o país. Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Quando a Jazmin foi para a escola não falava inglês. Na terra dela não havia praticamente ninguém que tivesse andado na faculdade, e o mesmo acontecia com os pais dela. No entanto, ela estudou muito, teve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Brown, e actualmente está a estudar Saúde Pública.
Estou a pensar ainda em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que aos três anos descobriu que tinha um tumor cerebral. Teve de fazer imensos tratamentos e operações, uma delas que lhe afectou a memória, e por isso teve de estudar muito mais - centenas de horas a mais - que os outros. No entanto, nunca perdeu nenhum ano e agora entrou na faculdade.
E também há o caso da Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, no Illinois. Embora tenha saltado de família adoptiva para família adoptiva nos bairros mais degradados, conseguiu arranjar emprego num centro de saúde, organizou um programa para afastar os jovens dos gangues e está prestes a acabar a escola secundária com notas excelentes e a entrar para a faculdade.
A Jazmin, o Andoni e a Shantell não são diferentes de vocês. Enfrentaram dificuldades como as vossas. Mas não desistiram. Decidiram assumir a responsabilidade pelos seus estudos e esforçaram-se por alcançar objectivos. E eu espero que vocês façam o mesmo.
É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objectivos para os seus estudos, e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. E é nesse sentido que espero que lavem muitas vezes as mãos e que não vão às aulas se estiverem doentes, para evitarmos que haja muitas pessoas a apanhar gripe neste Outono e neste Inverno.
Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente. Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira.
No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido."
Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.
Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.
Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem - um pai, um avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude.
E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram - nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é do vosso país que estão a desistir.
A história da América não é a história dos que desistiram quando as coisas se tornaram difíceis. É a das pessoas que continuaram, que insistiram, que se esforçaram mais, que amavam demasiado o seu país para não darem o seu melhor.
É a história dos estudantes que há 250 anos estavam onde vocês estão agora e fizeram uma revolução e fundaram este país. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 75 anos e ultrapassaram uma depressão e ganharam uma guerra mundial, lutaram pelos direitos civis e puseram um homem na Lua. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 20 anos e fundaram a Google, o Twitter e o Facebook e mudaram a maneira como comunicamos uns com os outros.
Por isso hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?
As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes."

Sala de aula escura... apenas com a luz da imagem projectada através do datashow... este texto ampliado para todos me acompanharem na leitura foi hoje apresentado, lido em voz alta por mim à turma da qual sou directora. Esperava eu um debate. Fez-se um silêncio geral com muitas lágrimas... Os alunos ficaram sem palavras...

Um agradecimento especial à mãe do J. Sales.

6.10.09

[AMÁLIA RODRIGUES . COM QUE VOZ]



AMÁLIA RODRIGUES . 23 DE JULHO DE 1920 . 6 DE OUTUBRO DE 1999
COM QUE VOZ...

Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
que mor não seja a dor que me deixou
o tempo, de meu bem desenganado.

Mas chorar não estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
triste quero viver, poi se mudou
em tisteza a alegria do passado.

Assim a vida passo descontente,
ao som nesta prisão do grilhão duro
que lastima ao pé que a sofre e sente.

De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.




4.10.09

[O REI MORREU. VIVA O REI!]


Londres, 29 Set - Uma placa de homenagem ao rei D. Manuel II é hoje descerrada em Twickenham, localidade no sudoeste de Londres onde o último monarca português passou os derradeiros anos de exílio.
Um dos membros da família real, D. Miguel de Bragança, estará presente e uma missa será celebrada pelo bispo George Stack no igreja de St. James, onde D. Manuel II assistia à missa durante a sua estadia em Inglaterra, entre 1914 e 1932, data da morte.
A devoção religiosa e o dinamismo do monarca na comunidade local são visíveis pelas doações que realizou, nomeadamente de dois vitrais, um dos quais com a imagem de Santo António, uma pia baptismal que ainda é usada e vários paramentos.
Lusa
Londres, 15:02 Terça-feira, 29 de Set de 2009




29.9.09

[MÁRIO VIEGAS]


Mário Viegas (1948-1996)
"A minha vida é o Teatro e o Teatro é a minha vida"


Mário Viegas nasceu "meia hora antes do dia de S. Martinho", como ele próprio costumava dizer com uma ponta de ironia. Homem de teatro, homem de esquerda, amante da poesia, das artes – de todas as artes –, da vida e de um bom copo de tinto. Mário Viegas era, apenas, um homem de excepção, a personificação da irreverência.
"1 de Abril de 1996. Mário Viegas morreu. Era um cómico que levava dentro de si uma tragédia. Não me refiro à implacável doença que o matou, mas a um sentimento dramático da existência que só os distraídos e superficiais não eram capazes de perceber, embora ele o deixasse subir à tona da expressão às vezes angustiada do olhar e ao ricto sempre sardónico e amargo da boca. Fazia rir, mas não ria. Pouca gente em Portugal tem valido tanto."
José Saramago (in Cadernos de Lanzarote)










27.9.09

[ZECA AFONSO]






25.9.09

[O TRIUNFO DOS ANIMAIS . UMA FÁBULA DE ABRIL]


“Quatro patas bom, duas pernas mau”, George Orwell
Era uma vez uma quinta habitada pelos diferentes animais que existem numa quinta. Num passado remoto eclodira aí uma revolução que devolveu a todos os animais a democracia, isto é, a liberdade para se exprimirem e para escolherem aqueles que deviam representá-los e orientá-los na gestão colectiva da quinta. Muito depois desses tempos gloriosos e míticos, a quinta passou a ser administrada por um regedor que foi eleito pela maioria dos seus residentes. Antes de assumir tão grandes responsabilidades, o dito regedor comprometeu-se a trabalhar pelo progresso da quinta e pelo bem-estar de todos aqueles que aí viviam. Mas, após a eleição, esqueceu-se das obrigações e promessas então celebradas e foi transformando, paulatinamente, a quinta que era de todos numa reserva sua.
O tempo foi passando, a maioria das quintas vizinhas prosperando e a reserva do regedor definhando. A falta de trabalho aumentou produzindo um desventurado cortejo de calamidades sociais; as infra-estruturas caducaram; muitos dos melhores ou mais jovens obreiros, não vislumbrando perspectivas de futuro no território da reserva, migraram para paragens mais promissoras; as relações entre o regedor e os restantes animais da reserva deterioraram-se.
Indiferentes aos deprimentes sinais do tempo, o regedor e os seus mais fiéis servidores, irremediavelmente extasiados pelas fragrâncias inspiradas na casa grande da reserva, interiorizaram e publicitaram a sua representação do seu pequeno mundo. Para eles a reserva era uma espécie de oásis celeste exemplarmente governado, embora minado por perpétuas e tenebrosas conspirações.
Depois chegou o inevitável tempo das purgas a adversários e a velhos aliados, que sulcou um fosso ainda mais profundo entre a pequena elite de animais que fruía do poder, dos meios de produção, dos rendimentos e mordomias da reserva e a maioria dos animais sem poder que trabalhavam arduamente e desse modo contribuíam para os proveitos materiais e espirituais da reserva.
Apesar do declínio evidente da reserva e das manifestas incapacidades e iniquidades do regedor, o ambiente de “paz podre” entranhou-se. O medo, a subserviência, a resignação, o pragmatismo, a inveja, a falta de criatividade e de habilidade, tudo isto tolhia os animais entretanto considerados menos iguais a darem o corpo e a alma a um manifesto viável que reivindicasse, pela via democrática, a deposição do regedor. Por sua vez, este, orgulhosamente só, aprendeu, com a experiência e a sua refinada intuição política, a eliminar os putativos sucessores, a silenciar todos os opositores, e, sempre no momento oportuno, a conquistar, sub-repticiamente, o apoio das turbas.
Até que, numa manhã resplandecente de Abril, o destino, sempre tão ardiloso, resolveu alterar este status quo e devolver a esperança a todos os animais da reserva – os quais voltaram a acreditar na possibilidade de resgatar o legítimo significado cívico da ancestral, jovial e promissora quinta dos tempos lendários da revolução.


Luís Torgal
(obrigado amigo!!)

21.9.09

[ELOGIO DO CRETINO]

Devo dizer que gosto de cretinos. Não, garanto que não é por piedade mas por apreço convicto. Talvez com uma pontinha de malícia mas sem acinte nem ferrete. Uma (como dizer?) maneira de tímida ternura.
Afinal – não é verdade? – o cretino é uma espécie humanóide altamente meritória e multifacetada: vive connosco à mão de semear, conhecemo-lo das ruas, vemo-lo na TV, lemo-lo nos jornais… Ele acompanhou sempre nos mais expressos lugares a rude humanidade desde o fundo dos tempos, desde os primórdios da vida. À roda da fogueira lá nas épocas longínquas do período quaternário quando ainda não havia cretinices modernas (televisão, rádio parlamento…) podeis crer que já havia, embora hirsuto um ou outro cretinus sapiens. E pelos tempos fora na idade dos ancestros da pré-história que seria dos inícios adequados da social organização sem um par de cretinos a adorná-la? Seja na arte ou na literatura nos ramos do saber que o mundo louva ou demais regras e ofícios como poderiam os cretinos dispensar-se? Cretino foi, ao acaso o tolo do Caim, ou o pobre do Job ou – na quadra das letras – o bom do Pinheiro Chagas que teve a parvoíce de ser contemporâneo do Eça magricelas. E nos domínios vicejantes da pintura o tremendo Bouguereau, que dizia de Cézanne que este só fazia borradelas. Ou nos salões do espírito sagrado magistral Bossuet, a águia de Mons que Deus tenha bem guardado. Enfim, nobres exemplos de douta cretinice. Pois o cretino é plural e em todo o lado sabe imiscuir-se. (Aqui um aparte para os estudiosos de gabinete: não deve confundir-se o propriamente cretino, cretinus boçalis, com o pedaço-de-asno que, sendo semelhante – a olhares sem estética – claramente pertence a outra espécie cinegética.) Na boa sociedade, naquilo a que se chama a melhor sociedade, a tal que se pauta por livros de etiqueta escritos em geral por excelentes senhoras – às vezes excelentes cretinas – o patarata é um valor seguro: já pensaram que seria das páginas sociais de afidalgados ou mesmo só de notáveis burgueses agregados sem um ror de cretinos e cretinas interessados em lhes saber da folha, em lhes saber dos fados? A vida sem cretinos é como um lar sem pão, teatro sem enredo, jardim sem flores ou passarinhos (olha que imagem cretina!), como dizem as poetisas de arrabalde com vaporosa graça quase divina. Numa recepção de Estado, no salão duma autarquia, numa cerimónia de homenagem a um que nada fez mas morreu tarde ou demasiado cedo, co’os diabos do talento seja na capital ou na feliz província a presença de cretinos é uma jóia sem preço: são os que convictamente mais aplaudem, sem maldade nem cálculo traiçoeiro ou gritam apoiado criando felicidade no elenco inteiro ou mais valia, nas forças vivas da cidade. (E em geral, por ironia do destino o orador habitual é que costuma ser, por sinal o maior cretino!)

Sim. Gosto de palonços. Ei-los que desfilam: na política, no professorado res publica (que, como se sabe, significa coisa pública – dou o esclarecimento não esteja algum cretino a ler-me) o palonço é fundamental. Quem diz palonço diz palonça (explico já não vá alguma feminista cretina pensar que o meu poema a discrimina).

Cretinice pura é algo de adorável como tudo o que é puro: um puro mel, um puro amor, uma pura doidice, uma pura miséria… Mas para que o cretino seja esplêndido necessita de ambiente a condizer: bons ares e boas águas, está claro mas também uma família recheada de atenções e de cuidados, ao velho estilo patriarcal, cultivando modelarmente os sãos e pacientes cretinos valores. Não precisa, todavia de ser fundamentalista praticante desses conceitos sem jaça: ele há tanto cretino oriundo de meios inconvencionais. Como o cacto, o cretino adapta-se a qualquer terreno, por mais adusto que seja! Façamos-lhe justiça: o cretino, digamos, é como um livro aberto – o que ali está não engana. Por isso tantos cretinos, por serem senhores graves e concentrados até chegam a ministros, a assessores, a deputados. (Também sucede que alguns no entanto nunca passam de criados…)
O cretino estimula as próprias artes, as próprias letras. Até a filosofia! Lembremos as expressões fenomenal cretino, cretino piramidal, cretino apimentado, cretino até dizer basta. Enfim, altos jogos verbais como tudo o que o humano engenho inventa. Já houve quem dissesse que ele é como as castanhas: nem sempre as maiores são as mais saborosas! Os cretinos rurais… Os cretinos citadinos… Os cretinos intermédios sociais, profissionais… Os viandantes cretinos… Enfim, não divaguemos!
Vou, então, terminar. Meter um ponto final antes que, impaciente o leitor inteligente me apode gentilmente de redundante ou, até, de chatarrão – espécie de parente maganão que também merece versos!

Nicolau Saião, in “Poemas Omnívoros”

20.9.09

[GIL SHAHAM]






19.9.09

[MANUEL ALEGRE... QUE DECEPÇÃO... PALAVRAS LEVA-AS O VENTO]



Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre

Trova do vento que passa... E PALAVRAS... MANUEL ALEGRE... QUE DECEPÇÃO... PALAVRAS LEVA-AS O VENTO

[JOHN NASH E RUSSELL CROWE... MENTES BRILHANTES]

BIOGRAFIA

John Nash nasceu a 13 de Junho de 1928 em Bluefield, West Virginia, nos Estados Unidos. O seu pai, também John, era engenheiro eléctrico; a sua mãe, Virginia, era professora. Foi ela quam incentivou a sua curiosidade intelectual, ajudando-o a obter uma boa formação académica.
Na escola, os professores não reconheciam Nash como um prodígio. Consideravam-no, isso sim, como uma criança extremamente anti-social. Aos doze anos, cada vez mais isolado, Nash refugiava-se no seu quarto, dedicando-se a fazer experiências científicas com as quais aprendia mais do que na escola. Por volta dos 14 anos de idade surgiu o seu interesse pela matemática aquando da leitura da obra “Men of Mathematics”, (1937) de
T. Bell.
Em 1941, ingressou na
Universidade de Bluefield onde demonstrou e desenvolveu as suas capacidades matemáticas. Os colegas olhavam-no como um estranho, uma pessoa difícil de entender. Um episódio trágico veio agravar ainda mais o isolamento de Nash: numa explosão causada por uma experiência química levada a cabo por Nash e um colega seu foi mortalmente atingido.
Em Junho de 1945, Nash ingressou na prestigiosa
Universidade de Carnegie Mellon onde lhe foi oferecida uma bolsa de estudos. Iniciou a sua carreira universitária estudando química e depois matemática. John Synge, responsável pelo departamento de matemática, reconhecendo no jovem um grande talento,incentivou-o a dedicar-se à matemática.
Em 1948, foi aceite no programa de doutoramento em matemática em duas das mais famosas universidades dos Estados Unidos:
Harvard e Princeton. A sua escolha recaiu sobre Princeton. Aí demonstrou interesse por vários campos da matemática pura: Topologia, Geometria Álgebra, Teoria do Jogo e lógica. Mas, mesmo em Princeton, Nash evitava comparecer às palestras e aulas. Aprendia sozinho, sem a ajuda de professores ou mesmo de livros.
Ainda antes de acabar o curso provou o teorema do ponto fixo de
Brouwer. Algum tempo depois resolveu um dos enigmas de Riemann que mas perplexidade causava. Em 1949, aos 21 anos, Nash, escreveu uma Tese de doutoramento que, 45 anos mais tarde, lhe daria o Prémio Nobel de Economia. O trabalho, conhecido como o "Equilibrio de Nash" (Non-cooperative games) irá revolucionar o estudo da estratégia económica.
Em 1950, Nash começa a trabalhar para a
RAND Corporation, instituição esta que canalizava fundos do governo dos Estados Unidos para estudos científicos relacionados com a guerra fria. Nash aplicou os seus recentes avanços na teoria dos jogos para analisar estratégias diplomáticas e militares. Simultaneamente continuava a dar aulas em Princeton.
Um ano depois, em 1951, Nashfoi convidado para professor de matemática do
MIT onde trabalhou até 1959. No decorrer da sua estadia no MIT, os problemas psíquicos começaram a agravar-se. Apesar do seu frágil equilíbrio psíquico, em 1953, teve um filho com Eleanor Stier a quem foi dado o nome de John David Stier. No entanto, contra a vontade de Eleanor, Nash nunca se casou. No verão de 1954, Nash foi detido pela policia numa operação de perseguição a homossexuais. Como consequência foi expulso da RAND Corporation.
Em 1957, casou-se com Alicia, uma estudante de física do MIT. Um ano mais tarde, começa a sofrer de
esquizofrenia. Alicia decide, algum tempo depois, divorciar-se continuando embora a ajudá-lo na luta contra a sua doença. Nash teve que desistir do posto de professor no MIT e foi hospitalizado contra a sua vontade. A situação era extremamente irregular. Nash recuperava temporariamente, mas logo depois voltava a sofrer distúrbios mentais. Nos breves intervalos da sua recuperação, produzia importantes trabalhos matemáticos. Em 1958 o seu estado mental agravou-se mas, em 1990, conseguiu recuperar da doença.
Em 1994 recebe, juntamente com
John C. Harsanyi e Reinhard Selten, o Prémio Nobel da Economia pelo seu trabalho na Teoria dos Jogos (Theory of Non-cooperative Games).
Actualmente, mantém-se ligado diariamente ao Departamento de Matemática da
Universidade de Princeton.

UMA MENTE BRILHANTE
Resumo
"Uma mente Brilhante", vencedor de 4 Oscars, baseia-se na biografia de John Nash com Russell Crowe escrita por Sylvia Nasar, e começa com a chegada do jovem Nash à Universidade de Princenton, em 1947. Isolado de todos e tudo, Nash recusa-se a participar nas actividades básicas da Universidade, tais como assistir às aulas, conviver com os colegas, etc. O seu objectivo é a procura de uma "Ideia original".
Incentivado pelo colega Charles a procurar a sua ideia original" fora das quatro paredes do seu quarto, Nash inspira-se em fontes estranhas, como o movimento dos pombos no parque, os movimentos de uma equipa de futebol e até do roubo de uma carteira.





Nenhum destes três estudos o ajuda. Será numa conversa de bar que Nash encontra inspiração para a sua "Ideia Original", uma teoria revolucionária com aplicação à economia moderna e que contradizia 150 anos do reinado de Adam Smith na área.
John Nash recupera da sua doença. E só graças ao amor e dedicação da sua esposa foi possível tal recuperação.
O reconhecimento pelo seu trabalho acontece em 1953, após ter Nash realizado alguns trabalhos no Pentágono a decifrar códigos russos. Ao mesmo tempo, Nash é Professor. Conhece uma aluna, Alicia, com a qual viria a casar e ter um filho. Tudo parecia correr bem com o casal, até que Nash começa a ser perseguido por desconhecidos. Nash não resiste à grande pressão e começa a ficar paranóico.
O resto do filme segue uma trajectória repleta de desafios, onde Nash luta, não só luta contra a esquizofrenia, mas também contra todos aqueles que não acreditavam na sua recuperação. O filme termina com o reconhecimento das suas descobertas, dos seus estudo: o Prémio Nobel de Economia em 1994, pelo seu contributo na Teoria dos Jogos e graças à sua genialidade. Este filme, esta lição, faz-nos crer que o amor, o amor verdadeiro tem um poder emensorável , que obstáculos na vida são por ele superados, que a felicidade está nas pequenas coisas da vida.
ficha técnica:
título original: A Beautiful Mind
gênero: Drama
duração: 02 hs 15 min
ano de lançamento: 2001
site oficial:
http://www.abeautifulmind.com/
estúdio: Imagine Entertainment
distribuidora: DreamWorks Distribution L.L.C. / Universal Pictures / UIP
direção:
Ron Howard
roteiro: Akiva Goldsman, baseado em livro de Sylvia Nasar
produção: Brian Grazer e Ron Howard
música: James Horner
fotografia: Roger Deakins desenho de produção: -->
direção de arte: Robert Guerra
figurino: Rita Ryack
edição: Daniel P. Hanley e Mike Hill
efeitos especiais: Digital Domain
elenco:
Russell Crowe vencedor do Óscar - melhor actor - (JohnNash Jr.)
Ed Harris (William Parcher)
Jennifer Connelly (Alicia Nash)
Paul Bettany (Charles)
Adam Goldberg (Sol)
Vivien Cardone (Marcee)
Judd Hirsch (Helinger)
Josh Lucas (Hansen)
Anthony Rapp (Bender)
Christopher Plummer (Dr. Rosen)
David B. Allen (John Nash Jr. - 13 anos)