29.9.08

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22.9.08

[UMA VIDA A LUTAR POR NADA]


Marcel Duchamp, Nu descendo uma escada.


Um relato verídico de uma vida a lutar por nada...

"Aos meus alunos, aos Pais dos meus alunos, aos professores e a todos os meus concidadãos.

Tenho cinquenta e tal anos de idade, trinta e muitos dos quais como docente no ensino secundário e no ensino superior. Fiz a Licenciatura com 16 valores, o Estágio Pedagógico com 18 e um mestrado em Ciências da Educação com Muito Bom. Dediquei a minha vida à Escola Pública. Fui Presidente do ConselhoExecutivo (dois mandatos), orientador de estágio pedagógico (3 anos), delegado de grupo / coordenador de departamento (dois mandatos), Presidente do Conselho Pedagógico (um mandato) e director de turmadurante vários anos. Nos últimos tempos leccionei no ensino superior, com ligação permanente à formação de professores. Desempenhei vários cargos pedagógicos, participei em múltiplos projectos e desenvolvi doistrabalhos de elevado valor científico. Entretanto, regressei ao ensino secundário e à minha escola de origem. Alguns dos antigos colegas, embora mais novos do que eu e com menos tempo de serviço (compraram o tempo, explicaram-me depois) já setinham reformado. Eu também já tinha idade, mas faltavam-me algunsmeses para o tempo necessário quando mudaram as regras do jogo. E comose não bastasse a alteração dessas regras, é aprovado, entretanto, umnovo estatuto para a carreira docente. E logo de seguida é aberto oconcurso para professores titulares. Um concurso para uma novacategoria onde eu não tinha lugar!Não reunia condições. Mesmo com um Mestrado em Ciências da Educação esem ter dado uma única falta nos últimos sete anos, o meu curriculumvalia, apenas, 93 pontos! Faltavam 2 pontos para o mínimo exigido aquem estivesse no 10º escalão. Com as novas regras, o meu departamento passou a ser coordenado, apartir do presente ano lectivo, por um professor titular. Um professorque está posicionado no 8º escalão. Tem menos 15 anos de serviço doque eu. Foi meu aluno no ensino secundário e, mais tarde, meuestagiário. Fez um bacharelato com média de 10 valores e no estágiopedagógico obteve a classificação de 11 valores. Recentemente concluiua licenciatura numa estabelecimento de ensino privado, desconhecendo aclassificação obtida. É um professor que nunca exerceu qualquer cargopedagógico, à excepção de director de turma. Nos últimos sete anos deu84 faltas, algumas das quais para fazer 15 dias de férias na RepúblicaDominicana (o atestado médico que utilizou está arquivado nasecretaria da escola, enquanto os bilhetes do avião e a factura do hotel constam de um outro processo localizável). O seu curriculum vale 84 pontos, menos 9 pontos do que o meu. Contudo, este docente foi nomeado professor titular. De acordo com o Senhor Primeiro Ministro e demais membros do seu Governo, com o apoio do Senhor Presidente da República e, agora, com o apoio dos dirigentes sindicais, este professor está em melhorescondições do que eu para integrar ' (...) um corpo de docentes altamente qualificado, com mais experiência, mais formação e mais autoridade, que assegure em permanência as funções de organização dasescolas para a promoção do sucesso educativo, a prevenção do abandono escolar e a melhoria da qualidade das aprendizagens. 'A conclusão, embora absurda, é clara: se eu estivesse apenas no 9ºescalão, e com os mesmos pontos, seria considerado um docente altamente qualificado, com mais experiência, mais formação e mais autoridade. Como estou no 10º escalão, e não atingindo os 95 pontos,eu já não sou nada.Isto é o resultado de uma selecção feita com base na '(...) aplicaçãode uma grelha de critérios objectivos, observáveis e quantificáveis, com ponderações que permitam distinguir as experiências profissionaismais relevantes (...) [onde se procurou] reduzir ao mínimo as margensde subjectividade e de discricionariedade na apreciação do currículodos candidatos, reafirmando-se o objectivo de valorizar e darprioridade na classificação aos professores que têm dado provas demaior disponibilidade para assumir funções de responsabilidade.'Éassim que 'reza' o DL 200/2007, de 22 de Maio. Admirável! Agora consta por aí (e por aqui) que aquele professor (coordenador do meu departamento) me irá avaliar... Não, isso não será verdade. Esse professor irá, provavelmente, fazerde conta que avalia, porque só pode avaliar quem sabe, quem for maiscompetente do que aquele que se pretende avaliar. O título de 'titular' não é, só por si, suficiente. Mesmo que istoseja só para fazer de conta... Conhecidos que são os meus interesses, passo ao principal objectivo desta carta, que é, simplesmente, pedir perdão! Pedir perdão, em primeiro lugar, aos meus alunos. Pedir perdão a todosos Pais dos meus alunos. Pedir perdão porque estou de professor, massem me sentir professor. Tal como milhares de colegas, humilhados e desencorajados, sinto-me transformado num funcionário inútil, à esperada aposentação. Ninguém consegue ser bom professor sem um mínimo de dignidade. Ninguém consegue ser bom professor sem um mínimo de paixão.As minhas aulas eram, outrora, coloridas, vivas e muito participadas. Com acetatos, diaporamas, vídeos, powerpoint, etc. Hoje é, apenas, o giz e o quadro. Só a preto e branco, com alguns cinzentos à mistura. Sinto-me desmotivado, incapaz de me empenhar e de estimular. Recei o vir a odiar a sala de aulas e a própria escola. Receio começar afaltar para imitar o professor titular e coordenador do meudepartamento (só não irei passar férias para a República Dominicanaporque tenho outras prioridades...). Receio que os professores deste País comecem a fingir que ensinam e a fingir que avaliam. Sim, porqueneste país já tudo me parece a fingir. Cumprimentos."

(o autor deste texto é um professor anónimo e humilhado, tal como milhares de outros professores).


Obrigada L. Torgal por teres mandado e-mail.






20.9.08

[LIBERDADE, LIBERDADE]

"Operário do canto, me apresento
sem marca ou cicatriz, limpas as mãos,
minha alma limpa, a face descoberta
aberto o peito, e - expresso documento -
a palavra conforme o pensamento.
Fui chamado a cantar e para tanto
há um mar de som no búzio de meu canto.
Trabalho à noite e sem revezamentos.
Se há mais quem cante cantaremos juntos;
sem se tornar com isso menos pura,
a voz sobe uma oitava na mistura.
Não canto onde não seja a boca livre,
onde não haja ouvidos limpos e almas
afeitas a escutar sem preconceito.
Para enganar o tempo - ou distrair
criaturas já de si tão mal atentas,
não canto…
Canto apenas quando dança,
nos olhos dos que me ouvem, a esperança.”


excerto de Profissão do Poeta, poema de Geir Campos.

13.9.08

[CONVENTUS]

Deixo-vos aqui informação sobre uma nova marca de vestuário, já lançada no mercado, a CONVENTUS.
O design da sua linha gráfica foi para mim mais um desafio interessante: a criação do logo; os cartões de visita; o catálogo em suporte de papel; o flyer; tratamento e composição de imagem; o design do site que podem visitar em

No site trabalhei à distância via net, msn, (as novas tecnologias facilitam muito):) com Narciso Melo. Narciso Melo vive no Porto, é engenheiro informático e webmaster que fez a programação, criando o backoffice do site, uma pessoa com quem se trabalha muito bem, um bom elemento para se trabalhar em equipa porque, dotado de um grande carácter. Agradecimentos ao Narciso!
"A Conventus surge de uma ideia que começa com a existência de um espaço de roupa em Coimbra. Durante dois anos o projecto e a reputação das peças foi crescendo e com sucessivas fases deadaptação e desenvolvimento pessoal, impõe-se a necessidade de expansão e criação. Nasce assim a Conventus, uma marca de roupa de origem portuguesa, uma síntese do passado e do presente. Com um espírito baseado na identidade pessoal, procuramos a nossa inspiração. A marca pretende ter uma relação harmoniosa com tecidos e modelos vintage e de recolha, adaptando-se às exigências da actualidade, passando por abordagens diferenciadas. A Conventus respeita as tendências, interpretando-as e criando, a partir delas, a sua autenticidade. "
Texto das autoras da CONVENTUS, Irene Quatorze e Marta Quatorze.
Em meu nome e em nome do Narciso, quero deixar os meus agradecimentos a todos aqueles que no nosso trabalho confiam.
Avizinham-se outros e novos projectos na web, dar-vos-ei notícias.

[JOÃO DIXO]

Recordo já com saudade as aulas do meu Professor João Dixo, homem de um humor inteligente, que me ensinou sobretudo a pensar a PINTURA com LIBERDADE, com a liberdade de eu não usar o píncel mas de me exprimir com os mais variados materiais, suportes e técnicas. Com ele usei som com cor mas sem tinta, com ele aprendi a pensar e... consequentemente a pintar, se é que ao meu trabalho que desenvolvi até à data eu posso chamar Pintura, mas isso será outro assunto.

Tenho pelo Professor João Dixo a maior consideração, a maior estima! Devo-lhe muito e, aqui, manifesto publicamente o meu agradecimento.
Professor Jão Dixo, bem haja!

João Dixo é natural de Vila Real - Portugal, nasceu em 1941.
O seu currículo...
Curso Superior de Pintura da Escola Superior de Belas Artes do Porto, em 1966, com 20 valores.
Bolseiro da Fundação Gulbenkian, durante todo o curso , e ainda de 1975 a 77 em Paris com Programa de Investigação reconhecido pelo Instituto Nacional de Investigação Científica.
Curso de Ciências Pedagógicas da Faculdade de Letras da Universidade do do Porto.
Professor do Circulo de Artes Plásticas da Associação Académica de Coimbra de 1955/1975.
Membro Fundador do Grupo PUZZLE 1974/1979.
Membro de La Jeune Peinture, Paris 1974/1980.
Membro fundador da da APNDC (Bienal de Vila Nova Cerveira).
Docente da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto desde 1973 a 1997.
Responsável do grupo de desenho do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, desde a sua criação, 1986 a 1988.
Director da A.R.C.A./E.T.A.C. (Ensino Universitário) e responsável da Licenciatura de Pintura – Coimbra.
Exposições Individuais1963 Vila Real; 1965 Galeria Divulgação, Porto; 1966 Galeria Árvore, Porto; 1971 Galeria C. A. P. , Coimbra; 1972 Galeria Alvarez, Porto; 1972 Galeria Quadrante, Lisboa; 1972 Galeria Dois, Porto; 1973 Galeria S. Mamede, Lisboa; 1974 Galeria L55, Paris; 1975 Galeria Alvarez, Porto; 1977 Galeria Diagonale, Paris; 1978 Fundação Eng.º António de Almeida, Porto; 1979 Fundação Gulbenkian, Paris; 1980 Galeria J. N., Porto; 1985 Galeria E. G., Porto; 1990 Galeria E. G., Porto; 1992 Galeria E. G., Porto; 1993 Galeria Y Grego, Lisboa; 1995 Galeria Artesis, V. N. Gaia; 1996 Galeria Vandelli, Coimbra; 1996 Y Grego, (Feira de Arte), Exponor; 1997 Y Grego, Lisboa; 1997 Galeria Vandelli, Coimbra; 1999 Galeria Lídia Cruz, Leiria; 2001 Casa Municipal da Cultura, Coimbra; 2002 Galeria Por Amor à Arte, Porto; 2003 Galeria São Mamede, Lisboa
Colectivamente participou em mais de duas centenas e meia de exposições e Festivais de Arte e Performance a título individual e como membro do Grupo Puzzle, em Portugal e no estrangeiro, destacando: Todos os Salões de La Jeune Peinture, Paris de 1975 a 1979, Exposition Dossier, Paris, 1972, Les 6 Jour de La Peinture, marselha 1975; Semaine d’Action Arc. Musée d’Art Modern de La Ville de Paris, 1980. Todos os Encontros Nacionais de Arte em Portugal de 1974 a 1978; Simposium Internacional d’Art Performance, 1979, Lyon, L’Information et l’Art - Université Toulouse Le Mirall, 1979; Jovem Pintura Portuguesa em Paris, 1976, Moderna Pintura Portuguesa, 1975, S. Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Museu de Lund, Estocolmo, 1976; Artistas Portugueses, 1977, Fundação Gulbenkian, Paris; Arte Portuguesa em Madrid, 1977, Peinture Actuelle Bretigny; Exposition Dossier, 1972 Ville Juif, Paris; Comparaison/Opposition; 1973, Limoges; European Figuration, Turim, 1975; Evidence/Aparence, 1975, Limoges, Châteaurux, Tulles, Paris, Exposição Levantamento da Arte do Séc. XX no Porto Museu Soares dos Reis, 1975, Porto; Galerie Suicidaire, 1975, Nice, Damiron; Dixo; Ricatto e Solombre, Galerie Art-Extension, 1975, Paris; Recherche d’Identité/Paradis Perdu; 1977, Limoges; Journées d’Action et d’Information de La Jeune Peinture, Pavillon du Jardin du Luxembourg; 1977, Paris; Artistas Actuais do Porto na Colecção do Museu Soares dos Reis, 1978; L’éclairage du Discours, Galerie Noire, 1978, Paris; ESBAP/FBAUP, 1995, Coventry, Porto, Art Exange, 1996; Cinco Estações de Pintura, 1996, Porto; III Bienal de Arte AIP - Europarque, 1999; Tesouros de Portugal, Macau, 1999. Grupos no Porto do século XX do programa Porto Capital Europeia da Cultura - Galeria do Palácio; Porto 60/70 os artistas e a cidade Museu de Serralves do programa Porto Capital Europeia da Cultura 2001.
Representado entre outras nas colecções das seguintes instituições: Fundação Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa; Museu Soares dos Reis, Porto; Casa de Serralves (Museu de Arte Contemporânea), Porto; Fundação Cupertino de Miranda, Famalicão, Museu de Amarante, Museu Malhoa, Caldas da Rainha; Museu de Ovar e também nas Colecções do Forum da Maia, Câmara de Vila Real, Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, S. Miguel, Açores, e nas Colecções dos Bancos BPA, BPI, CGD, UBP, BCM, Banco de Portugal, Companhia Portuguesa do Cobre, Polimaia, Gec Alsthom.
Das Encomendas Públicas de Grandes Dimensões, destaca: Instituto Português de Oncologia do Porto; Centro de Saúde de Montalegre; Grande Salão de Recepções da Fábrica Flor do Campo, Stº Tirso; Conjunto de Esculturas e Pintura para a Companhia Portuguesa do Cobre, Porto; Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, S. Miguel, Igreja Matriz de Ponta Garça, Açores; Convite da Gec Alsthom para a decoração mural de uma das Estações de Metro do Porto.