26.5.07

[A CADEIRA QUE CÁ NINGUÉM QUIS PRODUZIR]


Quando em 1999 Filipe Oliveira Dias desenhou a Flame para o Teatro Helena Sá e Costa, no Porto, nenhuma empresa portuguesa manifestou interesse na sua produção. Acabaram por ser os catalães da Figueras International Seating (que têm trabalhado com arquitectos como Norman Foster, Jean Nouvel ou Renzo Piano) a aceitar o desafio. Este mês, a Casa Branca encomendou para a sua sala de imprensa em Washington várias dezenas delas, em pele natural azul-marinho.A Figueras não revela a quantidade nem o preço. Ao DN, Eva Blanco diz apenas que se trata de um "pedido emblemático", porque é dali que Bush e Condoleeza Rice falam ao mundo. A sala fica pronta em Setembro, e logo se verá como é, pela TV.Silenciosa, robusta, resistente a nódoas e inspirada nas linhas da harpa, a Flame foi concebida a pensar na sua presença física numa sala. "A acústica tem uma relevância tremenda. É dramático quando, num recital, se ouve ruído e, por causa disso, as pessoas acabam por ficar em posições incómodas", explica o arquitecto, que durante meses investigou o modo como o público influencia um auditório, a resistência dos materiais, o tipo de molas e articulações ou as dimensões dos apoios no chão para facilitar o trabalho de quem tem de aspirar. "Gostamos que os objectos sejam duráveis e compete a quem os cria pensar nisso", lembra.Embora "muito satisfeito" com a notícia desta encomenda, Filipe Oliveira Dias diz que o importante é que agrade a quem nela se sentar. Claro que este cliente é muito importante para a divulgação do seu atelier. Mas os royalties que receberá são os mesmos que recebeu por ter a sua Flame em 19 países, desde os teatros municipais de Bragança e Vila Real a auditórios da Europa, EUA e Singapura ou uma escola em Xangai.

0 comentários: