Festival de Cannes arranca quarta-feira
Cinema português representado por João Pedro Rodrigues e Pedro Costa
Cinema português representado por João Pedro Rodrigues e Pedro Costa
Uma curta-metragem do realizador João Pedro Rodrigues em co-realização com João Rui Guerra da Mata, "China, China", e outra de Pedro Costa, intitulada "Tarrafal", compõem a representação portuguesa no Festival de Cinema de Cannes.
Nesta 60ª edição histórica do Festival Internacional de Cinema de Cannes, que começa quarta-feira, também será exibido um filme de três minutos realizado por Manoel de Oliveira, inserido num trabalho colectivo de cineastas. A organização do certame convidou o patriarca do cinema português e outros 32 realizadores, como Roman Polanski, Takeshi Kitano e David Cronenberg, a participar numa obra que pretende assinalar as seis décadas de existência do certame. Este ano, ao contrário de 2006, não há portugueses a competir pela Palma de Ouro, o galardão mais cobiçado do festival, limitando-se a presença lusa à Quinzena dos Realizadores e ao Atelier Cinéfondation. Além da curta-metragem "China, China", João Pedro Rodrigues irá participar, com mais 14 realizadores, no Atelier Cinéfondation, uma das secções oficiais do festival, com o seu novo projecto de longa-metragem, intitulado "Morrer como um homem". Ainda em fase de escrita do argumento e com rodagem prevista para começar em 2008 em Lisboa e Tomar, a longa-metragem, produzida pela Rosa Filmes, recebeu um apoio de 650 mil euros do Instituto do Cinema e do Audiovisual e tem um orçamento estimado em 1,13 milhões de euros. No Atelier Cinéfondation, João Pedro Rodrigues e os outros realizadores convidados vão fazer contactos com produtoras de vários países para tentar assegurar co-produções para os seus novos projectos. Para elaborar o argumento - baseado na história verdadeira de Tonia, um travesti veterano dos espectáculos de "drag queen" de Lisboa -, João Pedro Rodrigues entrevistou travestis e transexuais durante meses para conhecer o seu mundo. João Pedro Rodrigues, 40 anos, estreou-se no Festival de Veneza em 2000 com o filme "O Fantasma", e em 2005 foi galardoado com um Prémio de Pesquisa pela segunda longa-metragem "Odete", na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes. "China, China", uma curta-metragem co-realizada por João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata (primeiro filme), também será exibida em Cannes na Quinzena dos Realizadores, que decorre paralelamente ao festival e se destina a dar a conhecer alguns cineastas ao público e à crítica. O filme, que se estreou no IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente, mostra o quotidiano de uma jovem da comunidade chinesa que reside no Martim Moniz e acalenta o sonho de voar para Nova Iorque. Em declarações à Agência Lusa sobre esta dupla presença no certame, João Pedro Rodrigues comentou que, "apesar de a Quinzena dos Realizadores ser uma secção paralela, tem muito prestígio". "Este é o maior festival de cinema do mundo. É muito importante para mim estar presente, sobretudo para fazer contactos com outros realizadores que admiro", observou o cineasta, acrescentando que o lado de "glamour" associado ao certame é-lhe "mais indiferente". seleccionado para competir pela Palma de Ouro com o filme "Juventude em Marcha", estará este ano presente com a curta-metragem "Tarrafal". O filme insere-se num projecto colectivo intitulado "O Estado Por outro lado, "os festivais são uma oportunidade para conseguir co-produções para fazer os filmes, e os realizadores têm cada vez mais de tratar deste lado menos artístico do seu trabalho", observou ainda. Pedro Costa, que na edição do festival do ano passado foi do Mundo", composto por seis curtas-metragens de 15 minutos encomendadas pela Fundação Calouste Gulbenkian. Os outros contributos cabem ao realizador brasileiro Vicente Ferraz ("Germano"), à indiana Aysha Abraham ("One Way"), ao chinês Wang Bing ("Brutality Factor"), ao tailandês Apichatpong Weerasethakul ("Luminous People") e à francesa Chantal Akerman ("La tombée de Nuit à Xangai"). "Tarrafal" é um olhar do realizador Pedro Costa sobre aquele que era conhecido como "o campo da morte lenta" em Cabo Verde, construído em 1936 pelo regime salazarista na Ilha de Santiago para receber presos políticos. O Festival Internacional de Cinema de Cannes decorre até 27 de Maio.
Com Lusa
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